Artigos

Objetivo de Vida – Lutar ou Sucumbir

Em minhas andanças e contatos com pessoas e clientes, tenho percebido que tem se radicado cada vez mais a falta ou a perda de objetivo de vida. Tal situação está causando uma desmotivação, tristeza e paralisação dos sonhos a tal ponto, que as pessoas que a vivenciam não conseguem mais enxergar oportunidades na vida pessoal, social, profissional, e desencadeando assim, uma desestabilização emocional. Apatia ou agressividade, por falta de convívio, e ausência de relacionamentos com outras pessoas, são alguns dos sintomas também observados.

Assim, sou levada a pensar que esta questão não surge de sobressalto, mas ela vem chegando de mansinho, até ser instaurada, podendo ter sido devida a:
• Decepção com relacionamentos ou com situações;
• Espera prolongada por algo que ainda não aconteceu;
• Educação na qual não foi trabalhado o limiar de frustração;
• Falta de perspectivas;
• Redução da resiliência;
• Ausência da fé;
• Falta de planejamento, dentre outras questões.

Aqui poderíamos listar várias questões que podem ser o gatilho na desistência de lutar ou de buscar os objetivos, no entanto, vê-se claramente que a falta de um planejamento a curto e a médio prazo pode ocasionar um sentimento da perda do sentido de vida.

O ser humano é constituído de várias motivações, relacionadas a contextos: familiares, sociais, profissionais, pessoais, espirituais, saúde, financeiros e outros. No entanto, percebemos que muitas vezes priorizamos alguns destes subsistemas mais do que outros. Este desequilíbrio faz com que se tenha a visão de determinado contexto como se fosse o todo. A exemplo disto, pode-se mencionar os pais que deixam de viver a sua vida, e fazem da razão de viver somente os filhos, acabam se apropriando da vida dos mesmos e, quando percebem que perderam a sua identidade, sentem-se sem direcionamento. O mesmo ocorre quando um profissional deposita todas as “suas fichas” na empresa em que trabalha, sem se desenvolver, sem buscar inovações, pois acredita que ela é o seu porto seguro. No entanto, reinventar-se faz parte do crescimento de todos, é necessário utilizar a lupa da autopercepção: o que quero para mim e para os meus queridos?

Em uma determinada ocasião, fizemos um trabalho para uma empresa e foi lançado um desafio à equipe: pensar durante cinco minutos a respeito de sua trajetória até chegar no evento e relatar o que viram e sentiram. Os participantes esboçaram que possuíam muita dificuldade nesta tarefa, pois nunca haviam parado para pensar em si e nas suas emoções. Portanto, esta prática é quase incomum, mas é necessária para que possamos nos perceber, bem como, perceber as mudanças que ocorrem em nossas atitudes, sentimentos, no estado da autoestima e do humor. A rotina não pode ser bloqueadora do radar de oportunidades, mas sim uma sinalizadora de que podemos fazer algo melhor.

O filme as Aventuras de Pi pode ilustrar a estória de um adolescente, que perde toda a família em um naufrágio, pois os pais que moravam na Índia, viram melhores perspectivas indo para o Canadá. Em sua infância, recebeu ensinamentos do pai, para ser assertivo em suas decisões (ter foco), avaliar o cenário geral da situação em que está inserido (ter visão sistêmica), determinação e objetivos. Com um padre aprendeu a ter fé e esperança e na existência de um ser muito maior do que vimos, presenciamos e no qual podemos encontrar consolo e apoio, quando sentimos que não existe nenhuma saída. Pi conseguiu sobreviver, pois tinha como companheiro um tigre-de-bengala e, como premissa, tinha que manter os seus sentidos em alerta, pois poderia ser atacado por ele. Por outro lado, manter o animal vivo significava dar continuidade à sua existência. Nesta jornada, usufruiu dos valores, ensinamentos que recebeu de seus familiares e de outras pessoas que contribuíram para a sua formação.

Portanto, esta estória pode ser trazida à nossa realidade: profissionais que não se desafiam pela construção de um presente sólido para vislumbrar um futuro se perdem nas agruras da vida. Somente se realizarmos um “Pit Stop”, para análise do quando e como tudo se perdeu (e na maioria desses casos precisa-se de auxílio de profissionais), é que se pode reencontrar o sentido da vida e evitar mais um talento desperdiçado.

 

Por: Rejane Giaccomini

 

Artigos Mais Recentes